terça-feira, 11 de agosto de 2009

Rio Muriaé e sua importância histórica para o Noroeste Fluminense



Não dá para separar a história do Noroeste Fluminense da história do Rio Muriaé que corta a maior cidade da região e muito provavelmente foi através dele que se deu o processo de conquistas dessas terras pelos portugueses antes ocupadas pelos povos indígenas que habitavam a área. Primeiramente vamos conhecer alguns dados sobre o esse Rio.


Dados geográficos:

O Rio Muriaé nasce na Serra das Perobas a cerca de 300 metros de altitude no Município de Miraí Estado de Minas Gerais sendo que, para muitos, ele nasce da confluência de dois ribeirões: o Samambaia e o Bonsucesso ambos com nascente na mesma serra há algumas centenas de metros do local em que se encontram. A extensão do rio da nascente até a foz no encontro com o Rio Paraíba do Sul a cerca de 9 Km de Campos dos Goytacazes é de 295 km. Portanto, o rio Muriaé tem sua foz no rio Paraíba do Sul sendo um afluente da margem esquerda deste rio. O Muriaé também possui alguns afluentes ( Fubá, Preto, Glória, Gavião e Carangola) e banha 8 municípios: Miraí (MG), Muriaé (MG), Patrocínio do Muriaé (MG), Laje do Muriaé (RJ), Itaperuna (RJ), Italva (RJ), Cardoso Moreira (RJ) e Campos dos Goytacazes (RJ).


Podemos perceber que a sua bacia hidrográfica (conjunto de terras que fazem a drenagem da água das precipitações para esse curso de água e seus afluentes) é extensa, corta dois estados, Minas Gerais e Rio de Janeiro, atravessa inúmeras cidades, duas delas, Muriaé e Itaperuna, de médio porte e infelizmente, como ocorre em outros rios Brasil afora, sofre todo tipo de degradação, seja com a falta de mata ciliar (vegetação que ocorre nas margens de rios e mananciais) que deu lugar a pastagens, seja com o lançamento indiscriminado de todo tipo de esgoto (Industrial e doméstico) pelas cidades por onde passa. O irônico é que a população dessas cidades precisam usar a água do próprio Rio para consumo, é claro que existe todo um processo de tratamento pelas companhias de água antes da distribuição para a população, mais talvez fosse mais “inteligente” poluir menos o rio, já que ficaria mais fácil tratar a água e daria maior segurança a população! Isso sem fala no impacto ambiental que tal atitude vem causando na fauna e flora do Rio.


Bom, voltando no tempo, ao século XIX provavelmente sem a interferência humana esse rio era limpo e fornecia a população muitas espécies de peixes que serviram para matar a fome dos desbravadores. Hoje se alguém depender do rio para comer corre o risco de morrer de fome ou de algum tipo de contaminação! Um fato interessante é que foi através dele que teve início o processo de povoamento da região, pois era utilizado como meio de transporte para pessoas e escoamento de mercadorias em direção ao litoral. Naquela época não existiam estradas, como na Amazônia de hoje, as estradas eram os rios e o Rio Muriaé não possui grande inclinação, percorre grande parte de sua extensão em planícies, apresentando pequenos pontos de corredeiras que podiam ser superados por pequenas embarcações. Muitas povoações surgiram em suas margens e algumas delas provavelmente deram início às cidades atuais. Não é por acaso que as cidades de hoje se encontram em suas margens e é analisando o processo histórico que se pode chegar a essa constatação. Em meados do século XIX teve início à cultura do café que trouxe riqueza e ao mesmo tempo os primeiros problemas ambientais com a destruição da floresta para dar lugar as lavouras, um pouco mais tarde a construção da ferrovia, que segue as margens do rio, e estradas substituíram o transporte hidroviário. Com o fim da expansão cafeeira em 1930 e início da agropecuária o processo de desmatamento continuou até chegar ao cenário atual onde menos de 3% da floresta original sobreviveu segundo a fundação SOS Mata Atlântica.


Após todos esses anos de enorme modificação no ambiente da região o rio foi quem mais sofreu e continua sofrendo as conseguências, mas ironicamente não é só o rio que está sofrendo os moradores também sofrem com as cheias que nos últimos anos tem se tornado freqüente. Esse ano de 2009 tivemos, talvez, a maior enchente de todos os tempos na região desalojando moradores das cidades banhadas pelo Rio Muriaé. Seria culpa somente do aquecimento global? Seria culpa de um processo de interferência humana ao longo dos séculos na região banhada pelo rio? Seria o conjunto de ambas? Enfim, fica as perguntas para reflexão.


Rio Muriaé


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Conheça o Histórico do Noroeste Fluminense

Visitantes, sejam bem vindos ao blog Noroeste Fluminense. O objetivo da sua criação é servir como um ambiente de divulgação do processo histórico e de informação em geral sobre a Região Noroeste do Estado do Rio de janeiro. A região é composta por 13 município:

  1. Aperibé
  2. Bom Jesus do Itabapoana
  3. Cambuci
  4. Italva
  5. Itaocara
  6. Itaperuna
  7. Lage do Muriaé
  8. Miracema
  9. Natividade
  10. Porciúncula
  11. Santo Antônio de Pádua
  12. São José de Ubá
  13. Varre-sai
Provavelmente no início da sua colonização pelos portugueses, muitos escravos foram trazidos para a região e utilizados no desbravamento dessas terras que foram usadas no passado para o plantio de café e cana-de-açucar. Este último tipo de lavoura era mais concentrada em alguns municípios que ficam mais próximo da região canavieira de Campos dos Goytacazes. A partir do meiado do século XIX a Região Noroeste Fluminense começou a receber as lavouras de café, o que atraiu inclusive imigrantes de outros países. Portanto seu povo é composto de grande miscigenação, ou seja, da mistura de negros, portugueses e imigrantes europeus. Mais o café teve seu ápce no inicio do século XX e fim nos anos 30 devido a crise mundial levando o governo a pagar para que os produtores destruissem as lavouras. A partir daí teve início a uma nova atividade: a criação de gado. As lavouras deram lugar as pastagens e os problemas ambientais iniciados com o café tiveram continuidade levando ao cenário atual onde restão menos de 3% da floresta original segundo a fundação SOS Mata Atlântica.

Atualmente a pecuária leiteira e de corte são uma das principais fontes de renda do Noroeste Fluminense, principalmente em Itaperuna que concentra a indústria leiteira. A agricultura, como o café e o tomate são também de grande importância dentro de alguns municípios. As lavouras de café ainda são encontradas em Varre-sai, enguanto o tomate é concentrado em São José de Ubá, sendo que Cambuci e Itaperuna também concentram uma parte da produção.

Apesar da agopecuária ter seu espaço dentro do contexto regional, outras atividades como a indústria também vem ganhando espaço, sobretudo em Itaperuna, maior cidade da região, que concentra muitas confecções, e algumas grandes indústrias como a Parmalat e a Boechat. A cidade também está se transformando em um grande polo estudantio, concentrando algumas Universidades (UNIG, Redentor, Fundação São José, CEDERJ). Em Santo Antônio de Pádua destaca a indústria de pedras decorativas e de papel. O setor comercial desenvolveu muito nos últimos anos em todas as cidades, mas é destaque em Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana, Santo Antônio de Pádua e Itaocara.

A construção de uma ferrovia no início do século foi de fundamental importância para o seu desenvolvimento uma vez que era usada para transporte de produtos e pessoas. Naquela época a malha viária era péssima, não havia asfalto e as estradas de terra eram precárias. Hoje tal estrada de ferro não existe mais, foi desativada na década de 80, e as estradas ganharam asfalto e interligam todas as cidades. Infelizmente tais estradas não possuem bom estado de conservação.

Recentemente começou a ser construído o minerioduto Minas-Rio que tem como objetivo a exportação de minério de ferro extraído na Região da bacia do Rio Santo Antônio próximo a Belo Horizonte. Sua extenção é de 525 quilômetros e pasará pelos municípios de Porciúncula, Natividade, Itaperuna e Bom Jesus do Itabapoana no Noroeste fluminense. Existe expectativas de geração de muitos empregos na região, principalmente durante a sua construção, o que pode favorecer a economia de muitos municípios.

Dois grandes rios que nascem em Minas Gerais cortam a região Noroeste Fluminense: o Rio Pomba e o Rio Muriaé. Esses rios certamente teve grande importância no passado e ainda tem no presente. Por outro lado e devido ao mal planejamento da construção das cidades em suas margens, a população das cidades ribeirinhas vem enfrentando sérios problemas com enchentes. As ações humanas ao longo do tempo certamente contribui para esse quadro desolador, pois praticamente não existe mata ciliar nesses rios e em seus afluentes. O crescimento desordenado das cidades aliado a destruição das florestas na região e em suas nascentes no territótio mineiro, certamente colabora para o cenário atual das enchentes.

A vegetação original da Mata Atlântica destruída auxiliaria a água da chuva a penatrar no solo (percolação), evitaria o efeito das erosões e soreamento dos rios e impediria um aumento rápido do fluxo de água durante chuvas torrenciais, minimizando o efeito das enchentes. É claro que estamos vivendo uma dinâmica de mudanças climáticas globais e tais efeitos são sentidos em toda parte do mundo, mais as ações humanas ocorridas ao longo do tempo na região, certamente pode estar contribuindo para a realidade atual.