segunda-feira, 8 de março de 2010

Rio Itabapoana: a fronteira natural e seu potencial

Itabapoana na lingua indígena significa: pedra empinada da aldeia do barulho das águas. O Rio Itabapoana é a fronteira natural entre capixabas e fluminenses desde a divisa de Minas Gerais até sua foz no Oceâno Atlântico. Esse rio destaca-se pelo seu potencial hidroelétrico possuindo várias cachoeiras em seu curso. Nasce na segunda montanha mais alta do País, a Serra do Caparaó, que abriga o terceiro pico mais alto do Brasil, o Pico da Bandeira com 2892 metros. Como a grande maioria dos rios brasileiros, também sofre os efeitos da colonização humana, recebendo efluentes oriundos das cidades por onde passa e sofrendo interferências no curso de suas águas pela construção de várias usinas hidroelétricas.

Dados Geográficos:

O Rio Itabapoana com 264 km de extenção é um rio brasileiro que banha os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As cabeceiras do rio Itabapoana localizam-se na Serra do Caparaó. É formado pelo encontro do rio Preto com o rio São João, na divisa dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A partir daí, serve de limite entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro e após receber seus afluentes, rios Muqui do Sul, Guaçuí, Calçado e outros menores desaguar no oceano Atlântico, no distrito de Barra do Itabapoana o qual pertence ao município de São Francisco de Itabapoana. No seu trajeto forma muitas cachoeiras: Santo Antônio, Inferno, Limeira e fumaça, essa última com queda de 100 metros. A parte do Rio onde fica a maioria das cachoeiras está entre a divisa de Minas Gerais e a cidade de Bom Jesus do Itabapoana, pois nesse percurso o rio desce de sua área mais alta para a região de menor altitude.
A Bacia Hidrográfica desse Rio abrange uma área de drenagem de 4.875 Km² incluindo 18 municípios nos três Estados. Predomina os domínios geomorfológicos de montanhas ao norte, de colinas no médio vale e de planícies fluvio-marinhas no baixo curso entre os município de Presidente Kennedy (ES) e São Francisco do Itabapoana (RJ). O alto e médio vale do Itabapoana é cortado pelas rodovias BR-116, pela RJ-116 e pela BR-484, na direção da Serra do Caparaó.
No Estado do Rio de Janeiro possui uma área de 1.520 Km², correspondendo a 40% do total abrangindo totalmente o município de Bom Jesus do Itabapoana e parte dos Municípios de Porciúncula, Varre-sai, Campos dos Goytacazes e São Francisco do Itabapoana.

Dados Populacionais

Os assentamentos humanos não se limitam à margem dos eixos rodoviários, a densidade da população rural é relativamente elevada em relação às outras bacias (15,8 hab/ Km2).
Entre 1996 e 2000 os municípios do lado do estado do Espírito Santo apresentavam dinâmica populacional distinta dos municípios do estado do Rio de Janeiro. Enquanto do lado capixaba cresceram entre 5 e 10%, a população dos municípios fluminenses decresceu ou estagnou. Entre 2000 e 2007, dos dois lados do limite interestadual o crescimento populacional foi insignificante, com exceção de Varre-Sai (RJ). O mesmo padrão de baixo crescimento se repete em Minas Gerais. Mudanças na hierarquia da população total e urbana entre 1980 e 2007 foram importantes nos municípios do Espírito Santo (Presidente Kennedy, São José do Calçado, Guaçuí, Dores do Rio Preto). No final da década de 1990, para a região do Caparaó, tanto no Espírito Santo como em Minas Gerais (alto vale do Itabapoana) os fluxos imigratórios foram mais importantes do que nos municípios do médio e baixo vale.

Economia

A base econômica da bacia é representada pelos serviços urbanos e pelas atividades do setor primário como a pecuária leiteira, a cafeicultura, o plantio de cana-de-açúcar e a fruticultura tropical. O uso da terra reflete o perfil econômico, com predomínio das formações herbáceas para pastagem (63,6%) e de áreas de lavouras permanentes (café) e temporárias de baixa produtividade(26%). Bom Jesus do Itabapoana (RJ) possui um rebanho bovino significativo e a indústria de laticínios, a maior da bacia, é responsável pelo grande número de produtos de origem animal. A silvicultura para lenha ocupa quase toda a bacia do rio Itabapoana. Na região mineira além do café o turismo é muito significativo. As belas paisagens da Serra do Caparaó, tando do lado mineiro quanto do lado capixaba, atrai aventureiros do brasil inteiro, sobretudo, em busca de escalar um dos pontos mais altos do País, o Pico da Bandeira. As usinas Hidroelétricas também atraem muitos turistas.

Hidroelétricas

O potencial hidráulico do Rio Itabapoana permitil a construção de 5 usinas de pequeno porte. As PCHs são usinas hidrelétricas de pequeno porte, com capacidade de produção de energia superior a 1,0 MW e inferior a 30 MW, e cuja construção é autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Este tipo de usina é considerado estratégico para o setor elétrico pois representa um reforço no sistema de abastecimento de energia elétrica do País com baixo nível de impacto ambiental, em função de ter menor área alagada, e reduzido nível de perda de transmissão, por estar próximo aos centros consumidores.
Mesmo sendo uma hidrelétrica de pequeno porte, a construção de uma PCH exige grande mobilização, pois sua estrutura é semelhante à de uma grande usina, com barragem, túnel, casa de força, etc.
* A PCH Pedra do Garrafão, localizada entre os municípios de Campos dos Goytacazes (RJ) e Mimoso do Sul (ES), tem capacidade instalada de geração de 19 MW e energia assegurada de 12,15 MW médios. A usina será conectada à rede da distribuidora Escelsa, do Espírito Santo, por uma linha de transmissão de 17 quilômetros.
* A PCH Pirapetinga, localizada na divisa dos municípios de Bom Jesus de Itabapoana (RJ) e São José do Calçado (ES), tem capacidade instalada de 20 MW e energia assegurada de 12,99 MW médios. A usina será conectada à rede da distribuidora de energia Ampla, do Rio de Janeiro, por uma linha de transmissão de aproximadamente 21 quilômetros.
* A PCH calheiros tem capacidade de 19 MW de energia, sendo a área de seu reservatório de 45 ha. A usina será conectada à rede da distribuidora de energia Ampla, do Rio de Janeiro, por uma linha de transmissão até a cidade de Itaperuna (RJ).
* A Usina Hidroelétrica do Rosal entrou em operação em dezembro de 1999. Os 55 MW gerados são injetados no Sistema Interligado Nacional com uma linha de transmissão para o município de Alegre, no Espírito Santo e outra para o município de Mimoso do Sul no mesmo estado. A Usina possui duas unidade geradoras do tipo Francis, com queda nominal de 184,4 metros, e uma barragem em concreto do tipo gravidade, com 214,5 metros de comprimento e 34 metros de altura.

História

A colonização dessa região perece ter começado assim que o Brail foi descoberto. Durante a prospecção arqueológica realizada para o licenciamento ambiental das usinas Pedra do Gafão e Pirapetinga (usinas no Rio Itabapoana) foi identificado remanescentes de um dos primeiros povoados brasileiros, Vila da Rainha, fundado no ano de 1536. A descoberta é um marco fundamental da colonização portuguesa no Brasil, de grande relevância para a história do Estado do Rio de Janeiro e do País. A Vila da Rainha compreende um conjunto arquitetônico integrado por vestígios de construção em pedras de cantaria composto por cais, canaletas, edifícios e moinho que será transformado em um Parque Histórico-Arqueológico chamado Vila da Rainha.
Segundo as pesquisas do Museu Nacional, a Vila da Rainha foi fundada pelo colonizador português Pero de Góis, donatário da Capitania Hereditária de São Tomé, que deu este nome ao povoado em homenagem a D. Catarina da Áustria, esposa de D. João III. Pero de Góis trouxe mudas de cana-de-açúcar e construiu engenhos no local, explorando os abundantes recursos do Rio Itabapoana.
Existe o projeto de criação de um Parque para proteção das ruínas expostas e da sua estrutura pela pesquisa arqueológica. Paralelamente, será feita pesquisa histórica referente à documentação escrita, além de mapas e iconografias da região.
O Parque será uma espécie de museu a céu aberto, onde os visitantes poderão acompanhar os trabalhos de escavação e resgate arqueológico, além de conhecer informações sobre a herança cultural do País e da região.

Referências:

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Rio Pomba e sua importância para os Municípios localizados em sua Bacia Hidrográfica

O Rio Pomba, sem dúvida alguma, teve e tem uma grande importância para os Municípios localizados em sua Bacia Hidrográfica e através dele, assim como foi feito na Bacia do Muriaé, foi iniciado o processo de colonização da região. Em Minas Gerais é considerado o maior patrimônio natural da população que habita o seu entorno mais, infelizmente, esse patrimônio não parece ser bem preservado aja vista as constantes intervenções humanas, num processo iniciado durante o ciclo do café em toda a Zona da Mata e que não poupou nem mesmo as regiões das nascentes do rio. Além disso, o rio sofre constantemente degradação pelo lançamento de efluentes industriais e domésticos, construção de Hidroelétricas e em 31/03/2003 um grave derramamento de mais de 1 bilhão de litros de resíduos tóxicos de uma indústria em Cataguases causou prejuízos ambientais sem precedentes, sendo os reflexos desse acidente também detectados no rio Paraíba do Sul até sua foz no oceano Atlântico no estado do Rio de Janeiro.

Dados Geográficos do Rio Pomba

O Rio Pomba nasce na Serra Conceição na cadeia da Mantiqueira no município de Barbacena em Minas Gerais, percorre 305 km até sua foz onde lança suas águas no Rio Paraíba do Sul no município de Itaocara no estado do Rio de Janeiro. Sua nascente localiza-se a 1100 metros de altitude. No seu trajeto ele é alimentado por inúmeros córregos e ribeirões, bem como por outros rios como o Novo, Piau, Xopotó, Formoso e Pardo, que lhe garantem um volume de vazão surpreendente a menos de 150 km da nascente e apresenta um potencial hídrico significativo devido sua declividade relevante.
A bacia do rio Pomba apresenta uma área de drenagem de 8.616 km2, com o uso e ocupação do solo relativamente uniforme, abrangendo cerca de 35 municípios mineiros e 3 municípios fluminenses, onde vive uma população de aproximadamente 450 mil habitantes. Os municípios mais representativos dessa bacia do ponto de vista populacional, ou seja, aqueles com mais de 20.000 habitantes são: Cataguases, Leopoldina, Santos Dumont, São João Nepomuceno, Ubá, Visconde do Rio Branco, em território mineiro e Santo Antônio de Pádua e Miracema em território fluminense.
Os Municípios contados pelo Rio Pomba são: Santa Bárbara do Tugúrio, Mercês, Rio Pomba, Piraúba, Guarani, Descoberto, Astolfo Dutra, Dona Euzébia, Cataguases, Leopoldina, Laranjal, Recreio e Palma em Minas Gerais e Santo Antônio de Pádua, Aperibé e Itaocara no Rio de Janeiro.

Histórico do Rio Pomba

A história da colonização da bacia hidrográfica do rio Pomba está ligada à principal atividade econômica desenvolvida no Brasil colonial durante o século XVIII: a extração de ouro e pedras preciosas.
Em 1695, descobertas significativas de ouro ocorreram no Rio das Velhas, próximo às atuais cidades de Sabará e Caeté. A notícia rapidamente se espalhou promovendo uma verdadeira corrida do ouro nos primeiros sessenta anos do século XVIII, e a primeira grande corrente migratória para o Brasil.
Em 1720 Minas Gerais se torna uma capitania separada, e em 1763 a capital do Vice-Reinado foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, por onde entravam escravos e suprimentos e por onde saía o ouro das minas (FAUSTO, 1997).
Novos caminhos foram sendo abertos para possibilitar o tráfego de mercadorias para o interior, e de ouro para a capital. Um deles era o Caminho Novo, que ligava as regiões mineradoras ao porto e que passava pelo local conhecido como Região dos Pombos, onde cresceu o antigo povoado de Capelinhas das Mercês e também veio a se desenvolver o atual município de Rio Pomba.
O ciclo de expansão e riqueza, característico do primeiro momento de desbravamento da região, se fecha no ano de 1750, quando se anunciaram os primeiros sinais da queda da produção aurífera que se seguiria na segunda metade do século XVIII (FURTADO, 1999).
As margens do rio Pomba também eram uma conhecida região aurífera, atraindo mineradores de Guarapiranga na primeira metade do século XVIII. Os aventureiros em busca de ouro e pedras preciosas, que outrora se aglomeravam ao longo do caminho que ligava Vila Rica (atual Ouro Preto) ao Rio de Janeiro, se espalharam pela região quando as reservas de ouro nos vales dos rios Pomba e Paraibuna se exauriram em fins do século XVIII. Nessa época surgem os primeiros povoados que deram origem aos atuais municípios de Rio Novo, Descoberto (nome inspirado pela descoberta do precioso metal), e Astolfo Dutra.
No entanto, a conquista da região não foi nada pacífica. Os primeiros mineradores encontraram forte resistência por parte das tribos dos índios Coroados, Coropós e Puris. Choques, mortes e atrocidades dos brancos contra os índios eram constantes. A instalação das primeiras freguesias – povoados que surgiam ao redor de capelas – só foi possível graças à catequização dos índios pelo padre missionário Manuel de Jesus Maria, responsável pela fundação das freguesias de Rio Pomba, São Manoel do Pomba/São Batista do Presídio (atual Visconde do Rio Branco) e São Januário de Ubá (atual Ubá.

Hidroelétricas do Rio Pomba

Por atravessar dois estados brasileiros o rio Pomba é considerado um rio federal, isto é, pertencente à União. Isso quer dizer que obras passíveis de provocar grande impacto ambiental, como a construção de usinas hidrelétricas requer o acompanhamento e aprovação do IBAMA, o órgão federal responsável pela fiscalização e concessão, nesses casos, dos títulos de licenciamento ambiental. A Usina Hidrelétrica Barra do Braúna, no Rio Pomba, já é uma realidade. Localizada nos municípios de Laranjal, Recreio, Leopoldina e Cataguases apresenta potencia total de 39,0 MW. No final de 2009 deu inicio ao enchimento da represa com capacidade de 11,44 Km².
A Aneel autorizou a entrada em operação comercial da primeira unidade geradora da hidrelétrica Barra do Braúna. A primeira turbina da usina tem 13 MW de capacidade e conta com outras três unidades geradoras com a mesma capacidade instalada. Um empreendimento desse porte, sem dúvida gera impactos ambientais no ecossistema do Rio bem como aos pescadores que utilizam da pesca como meio de sobrevivência e moradores das áreas alagadas pelo reservatório. Do total investido de R$ 118 milhões, cerca de R$ 15 milhões foram aplicados pela empresa na área ambiental como compensação pelo alagamento do reservatório.

REFERÊNCIAS:

ANEEL
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 5ªed., São Paulo, Edusp, 1997, pp. 91-106.
FURTADO, Junia F. Homens de negócio: a interiorização da metrópole e o comércio nas minas setentistas. São Paulo, Hucitec, 1999, pp. 15-28.
FUNDAÇÃO COPETEC
RESENDE, Enrique de. Pequena história sentimental de Cataguases. Belo Horizonte, Itatiaia, 1969.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Rio Muriaé e sua importância histórica para o Noroeste Fluminense



Não dá para separar a história do Noroeste Fluminense da história do Rio Muriaé que corta a maior cidade da região e muito provavelmente foi através dele que se deu o processo de conquistas dessas terras pelos portugueses antes ocupadas pelos povos indígenas que habitavam a área. Primeiramente vamos conhecer alguns dados sobre o esse Rio.


Dados geográficos:

O Rio Muriaé nasce na Serra das Perobas a cerca de 300 metros de altitude no Município de Miraí Estado de Minas Gerais sendo que, para muitos, ele nasce da confluência de dois ribeirões: o Samambaia e o Bonsucesso ambos com nascente na mesma serra há algumas centenas de metros do local em que se encontram. A extensão do rio da nascente até a foz no encontro com o Rio Paraíba do Sul a cerca de 9 Km de Campos dos Goytacazes é de 295 km. Portanto, o rio Muriaé tem sua foz no rio Paraíba do Sul sendo um afluente da margem esquerda deste rio. O Muriaé também possui alguns afluentes ( Fubá, Preto, Glória, Gavião e Carangola) e banha 8 municípios: Miraí (MG), Muriaé (MG), Patrocínio do Muriaé (MG), Laje do Muriaé (RJ), Itaperuna (RJ), Italva (RJ), Cardoso Moreira (RJ) e Campos dos Goytacazes (RJ).


Podemos perceber que a sua bacia hidrográfica (conjunto de terras que fazem a drenagem da água das precipitações para esse curso de água e seus afluentes) é extensa, corta dois estados, Minas Gerais e Rio de Janeiro, atravessa inúmeras cidades, duas delas, Muriaé e Itaperuna, de médio porte e infelizmente, como ocorre em outros rios Brasil afora, sofre todo tipo de degradação, seja com a falta de mata ciliar (vegetação que ocorre nas margens de rios e mananciais) que deu lugar a pastagens, seja com o lançamento indiscriminado de todo tipo de esgoto (Industrial e doméstico) pelas cidades por onde passa. O irônico é que a população dessas cidades precisam usar a água do próprio Rio para consumo, é claro que existe todo um processo de tratamento pelas companhias de água antes da distribuição para a população, mais talvez fosse mais “inteligente” poluir menos o rio, já que ficaria mais fácil tratar a água e daria maior segurança a população! Isso sem fala no impacto ambiental que tal atitude vem causando na fauna e flora do Rio.


Bom, voltando no tempo, ao século XIX provavelmente sem a interferência humana esse rio era limpo e fornecia a população muitas espécies de peixes que serviram para matar a fome dos desbravadores. Hoje se alguém depender do rio para comer corre o risco de morrer de fome ou de algum tipo de contaminação! Um fato interessante é que foi através dele que teve início o processo de povoamento da região, pois era utilizado como meio de transporte para pessoas e escoamento de mercadorias em direção ao litoral. Naquela época não existiam estradas, como na Amazônia de hoje, as estradas eram os rios e o Rio Muriaé não possui grande inclinação, percorre grande parte de sua extensão em planícies, apresentando pequenos pontos de corredeiras que podiam ser superados por pequenas embarcações. Muitas povoações surgiram em suas margens e algumas delas provavelmente deram início às cidades atuais. Não é por acaso que as cidades de hoje se encontram em suas margens e é analisando o processo histórico que se pode chegar a essa constatação. Em meados do século XIX teve início à cultura do café que trouxe riqueza e ao mesmo tempo os primeiros problemas ambientais com a destruição da floresta para dar lugar as lavouras, um pouco mais tarde a construção da ferrovia, que segue as margens do rio, e estradas substituíram o transporte hidroviário. Com o fim da expansão cafeeira em 1930 e início da agropecuária o processo de desmatamento continuou até chegar ao cenário atual onde menos de 3% da floresta original sobreviveu segundo a fundação SOS Mata Atlântica.


Após todos esses anos de enorme modificação no ambiente da região o rio foi quem mais sofreu e continua sofrendo as conseguências, mas ironicamente não é só o rio que está sofrendo os moradores também sofrem com as cheias que nos últimos anos tem se tornado freqüente. Esse ano de 2009 tivemos, talvez, a maior enchente de todos os tempos na região desalojando moradores das cidades banhadas pelo Rio Muriaé. Seria culpa somente do aquecimento global? Seria culpa de um processo de interferência humana ao longo dos séculos na região banhada pelo rio? Seria o conjunto de ambas? Enfim, fica as perguntas para reflexão.


Rio Muriaé


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Conheça o Histórico do Noroeste Fluminense

Visitantes, sejam bem vindos ao blog Noroeste Fluminense. O objetivo da sua criação é servir como um ambiente de divulgação do processo histórico e de informação em geral sobre a Região Noroeste do Estado do Rio de janeiro. A região é composta por 13 município:

  1. Aperibé
  2. Bom Jesus do Itabapoana
  3. Cambuci
  4. Italva
  5. Itaocara
  6. Itaperuna
  7. Lage do Muriaé
  8. Miracema
  9. Natividade
  10. Porciúncula
  11. Santo Antônio de Pádua
  12. São José de Ubá
  13. Varre-sai
Provavelmente no início da sua colonização pelos portugueses, muitos escravos foram trazidos para a região e utilizados no desbravamento dessas terras que foram usadas no passado para o plantio de café e cana-de-açucar. Este último tipo de lavoura era mais concentrada em alguns municípios que ficam mais próximo da região canavieira de Campos dos Goytacazes. A partir do meiado do século XIX a Região Noroeste Fluminense começou a receber as lavouras de café, o que atraiu inclusive imigrantes de outros países. Portanto seu povo é composto de grande miscigenação, ou seja, da mistura de negros, portugueses e imigrantes europeus. Mais o café teve seu ápce no inicio do século XX e fim nos anos 30 devido a crise mundial levando o governo a pagar para que os produtores destruissem as lavouras. A partir daí teve início a uma nova atividade: a criação de gado. As lavouras deram lugar as pastagens e os problemas ambientais iniciados com o café tiveram continuidade levando ao cenário atual onde restão menos de 3% da floresta original segundo a fundação SOS Mata Atlântica.

Atualmente a pecuária leiteira e de corte são uma das principais fontes de renda do Noroeste Fluminense, principalmente em Itaperuna que concentra a indústria leiteira. A agricultura, como o café e o tomate são também de grande importância dentro de alguns municípios. As lavouras de café ainda são encontradas em Varre-sai, enguanto o tomate é concentrado em São José de Ubá, sendo que Cambuci e Itaperuna também concentram uma parte da produção.

Apesar da agopecuária ter seu espaço dentro do contexto regional, outras atividades como a indústria também vem ganhando espaço, sobretudo em Itaperuna, maior cidade da região, que concentra muitas confecções, e algumas grandes indústrias como a Parmalat e a Boechat. A cidade também está se transformando em um grande polo estudantio, concentrando algumas Universidades (UNIG, Redentor, Fundação São José, CEDERJ). Em Santo Antônio de Pádua destaca a indústria de pedras decorativas e de papel. O setor comercial desenvolveu muito nos últimos anos em todas as cidades, mas é destaque em Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana, Santo Antônio de Pádua e Itaocara.

A construção de uma ferrovia no início do século foi de fundamental importância para o seu desenvolvimento uma vez que era usada para transporte de produtos e pessoas. Naquela época a malha viária era péssima, não havia asfalto e as estradas de terra eram precárias. Hoje tal estrada de ferro não existe mais, foi desativada na década de 80, e as estradas ganharam asfalto e interligam todas as cidades. Infelizmente tais estradas não possuem bom estado de conservação.

Recentemente começou a ser construído o minerioduto Minas-Rio que tem como objetivo a exportação de minério de ferro extraído na Região da bacia do Rio Santo Antônio próximo a Belo Horizonte. Sua extenção é de 525 quilômetros e pasará pelos municípios de Porciúncula, Natividade, Itaperuna e Bom Jesus do Itabapoana no Noroeste fluminense. Existe expectativas de geração de muitos empregos na região, principalmente durante a sua construção, o que pode favorecer a economia de muitos municípios.

Dois grandes rios que nascem em Minas Gerais cortam a região Noroeste Fluminense: o Rio Pomba e o Rio Muriaé. Esses rios certamente teve grande importância no passado e ainda tem no presente. Por outro lado e devido ao mal planejamento da construção das cidades em suas margens, a população das cidades ribeirinhas vem enfrentando sérios problemas com enchentes. As ações humanas ao longo do tempo certamente contribui para esse quadro desolador, pois praticamente não existe mata ciliar nesses rios e em seus afluentes. O crescimento desordenado das cidades aliado a destruição das florestas na região e em suas nascentes no territótio mineiro, certamente colabora para o cenário atual das enchentes.

A vegetação original da Mata Atlântica destruída auxiliaria a água da chuva a penatrar no solo (percolação), evitaria o efeito das erosões e soreamento dos rios e impediria um aumento rápido do fluxo de água durante chuvas torrenciais, minimizando o efeito das enchentes. É claro que estamos vivendo uma dinâmica de mudanças climáticas globais e tais efeitos são sentidos em toda parte do mundo, mais as ações humanas ocorridas ao longo do tempo na região, certamente pode estar contribuindo para a realidade atual.