Itabapoana na lingua indígena significa: pedra empinada da aldeia do barulho das águas. O Rio Itabapoana é a fronteira natural entre capixabas e fluminenses desde a divisa de Minas Gerais até sua foz no Oceâno Atlântico. Esse rio destaca-se pelo seu potencial hidroelétrico possuindo várias cachoeiras em seu curso. Nasce na segunda montanha mais alta do País, a Serra do Caparaó, que abriga o terceiro pico mais alto do Brasil, o Pico da Bandeira com 2892 metros. Como a grande maioria dos rios brasileiros, também sofre os efeitos da colonização humana, recebendo efluentes oriundos das cidades por onde passa e sofrendo interferências no curso de suas águas pela construção de várias usinas hidroelétricas.
Dados Geográficos:
O Rio Itabapoana com 264 km de extenção é um rio brasileiro que banha os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As cabeceiras do rio Itabapoana localizam-se na Serra do Caparaó. É formado pelo encontro do rio Preto com o rio São João, na divisa dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A partir daí, serve de limite entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro e após receber seus afluentes, rios Muqui do Sul, Guaçuí, Calçado e outros menores desaguar no oceano Atlântico, no distrito de Barra do Itabapoana o qual pertence ao município de São Francisco de Itabapoana. No seu trajeto forma muitas cachoeiras: Santo Antônio, Inferno, Limeira e fumaça, essa última com queda de 100 metros. A parte do Rio onde fica a maioria das cachoeiras está entre a divisa de Minas Gerais e a cidade de Bom Jesus do Itabapoana, pois nesse percurso o rio desce de sua área mais alta para a região de menor altitude.
A Bacia Hidrográfica desse Rio abrange uma área de drenagem de 4.875 Km² incluindo 18 municípios nos três Estados. Predomina os domínios geomorfológicos de montanhas ao norte, de colinas no médio vale e de planícies fluvio-marinhas no baixo curso entre os município de Presidente Kennedy (ES) e São Francisco do Itabapoana (RJ). O alto e médio vale do Itabapoana é cortado pelas rodovias BR-116, pela RJ-116 e pela BR-484, na direção da Serra do Caparaó.
No Estado do Rio de Janeiro possui uma área de 1.520 Km², correspondendo a 40% do total abrangindo totalmente o município de Bom Jesus do Itabapoana e parte dos Municípios de Porciúncula, Varre-sai, Campos dos Goytacazes e São Francisco do Itabapoana.
Dados Populacionais
Os assentamentos humanos não se limitam à margem dos eixos rodoviários, a densidade da população rural é relativamente elevada em relação às outras bacias (15,8 hab/ Km2).
Entre 1996 e 2000 os municípios do lado do estado do Espírito Santo apresentavam dinâmica populacional distinta dos municípios do estado do Rio de Janeiro. Enquanto do lado capixaba cresceram entre 5 e 10%, a população dos municípios fluminenses decresceu ou estagnou. Entre 2000 e 2007, dos dois lados do limite interestadual o crescimento populacional foi insignificante, com exceção de Varre-Sai (RJ). O mesmo padrão de baixo crescimento se repete em Minas Gerais. Mudanças na hierarquia da população total e urbana entre 1980 e 2007 foram importantes nos municípios do Espírito Santo (Presidente Kennedy, São José do Calçado, Guaçuí, Dores do Rio Preto). No final da década de 1990, para a região do Caparaó, tanto no Espírito Santo como em Minas Gerais (alto vale do Itabapoana) os fluxos imigratórios foram mais importantes do que nos municípios do médio e baixo vale.
Economia
A base econômica da bacia é representada pelos serviços urbanos e pelas atividades do setor primário como a pecuária leiteira, a cafeicultura, o plantio de cana-de-açúcar e a fruticultura tropical. O uso da terra reflete o perfil econômico, com predomínio das formações herbáceas para pastagem (63,6%) e de áreas de lavouras permanentes (café) e temporárias de baixa produtividade(26%). Bom Jesus do Itabapoana (RJ) possui um rebanho bovino significativo e a indústria de laticínios, a maior da bacia, é responsável pelo grande número de produtos de origem animal. A silvicultura para lenha ocupa quase toda a bacia do rio Itabapoana. Na região mineira além do café o turismo é muito significativo. As belas paisagens da Serra do Caparaó, tando do lado mineiro quanto do lado capixaba, atrai aventureiros do brasil inteiro, sobretudo, em busca de escalar um dos pontos mais altos do País, o Pico da Bandeira. As usinas Hidroelétricas também atraem muitos turistas.
Hidroelétricas
O potencial hidráulico do Rio Itabapoana permitil a construção de 5 usinas de pequeno porte. As PCHs são usinas hidrelétricas de pequeno porte, com capacidade de produção de energia superior a 1,0 MW e inferior a 30 MW, e cuja construção é autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Este tipo de usina é considerado estratégico para o setor elétrico pois representa um reforço no sistema de abastecimento de energia elétrica do País com baixo nível de impacto ambiental, em função de ter menor área alagada, e reduzido nível de perda de transmissão, por estar próximo aos centros consumidores.
Mesmo sendo uma hidrelétrica de pequeno porte, a construção de uma PCH exige grande mobilização, pois sua estrutura é semelhante à de uma grande usina, com barragem, túnel, casa de força, etc.
* A PCH Pedra do Garrafão, localizada entre os municípios de Campos dos Goytacazes (RJ) e Mimoso do Sul (ES), tem capacidade instalada de geração de 19 MW e energia assegurada de 12,15 MW médios. A usina será conectada à rede da distribuidora Escelsa, do Espírito Santo, por uma linha de transmissão de 17 quilômetros.
* A PCH Pirapetinga, localizada na divisa dos municípios de Bom Jesus de Itabapoana (RJ) e São José do Calçado (ES), tem capacidade instalada de 20 MW e energia assegurada de 12,99 MW médios. A usina será conectada à rede da distribuidora de energia Ampla, do Rio de Janeiro, por uma linha de transmissão de aproximadamente 21 quilômetros.
* A PCH calheiros tem capacidade de 19 MW de energia, sendo a área de seu reservatório de 45 ha. A usina será conectada à rede da distribuidora de energia Ampla, do Rio de Janeiro, por uma linha de transmissão até a cidade de Itaperuna (RJ).
* A Usina Hidroelétrica do Rosal entrou em operação em dezembro de 1999. Os 55 MW gerados são injetados no Sistema Interligado Nacional com uma linha de transmissão para o município de Alegre, no Espírito Santo e outra para o município de Mimoso do Sul no mesmo estado. A Usina possui duas unidade geradoras do tipo Francis, com queda nominal de 184,4 metros, e uma barragem em concreto do tipo gravidade, com 214,5 metros de comprimento e 34 metros de altura.
História
A colonização dessa região perece ter começado assim que o Brail foi descoberto. Durante a prospecção arqueológica realizada para o licenciamento ambiental das usinas Pedra do Gafão e Pirapetinga (usinas no Rio Itabapoana) foi identificado remanescentes de um dos primeiros povoados brasileiros, Vila da Rainha, fundado no ano de 1536. A descoberta é um marco fundamental da colonização portuguesa no Brasil, de grande relevância para a história do Estado do Rio de Janeiro e do País. A Vila da Rainha compreende um conjunto arquitetônico integrado por vestígios de construção em pedras de cantaria composto por cais, canaletas, edifícios e moinho que será transformado em um Parque Histórico-Arqueológico chamado Vila da Rainha.
Segundo as pesquisas do Museu Nacional, a Vila da Rainha foi fundada pelo colonizador português Pero de Góis, donatário da Capitania Hereditária de São Tomé, que deu este nome ao povoado em homenagem a D. Catarina da Áustria, esposa de D. João III. Pero de Góis trouxe mudas de cana-de-açúcar e construiu engenhos no local, explorando os abundantes recursos do Rio Itabapoana.
Existe o projeto de criação de um Parque para proteção das ruínas expostas e da sua estrutura pela pesquisa arqueológica. Paralelamente, será feita pesquisa histórica referente à documentação escrita, além de mapas e iconografias da região.
O Parque será uma espécie de museu a céu aberto, onde os visitantes poderão acompanhar os trabalhos de escavação e resgate arqueológico, além de conhecer informações sobre a herança cultural do País e da região.
Referências: