quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Rio Pomba e sua importância para os Municípios localizados em sua Bacia Hidrográfica

O Rio Pomba, sem dúvida alguma, teve e tem uma grande importância para os Municípios localizados em sua Bacia Hidrográfica e através dele, assim como foi feito na Bacia do Muriaé, foi iniciado o processo de colonização da região. Em Minas Gerais é considerado o maior patrimônio natural da população que habita o seu entorno mais, infelizmente, esse patrimônio não parece ser bem preservado aja vista as constantes intervenções humanas, num processo iniciado durante o ciclo do café em toda a Zona da Mata e que não poupou nem mesmo as regiões das nascentes do rio. Além disso, o rio sofre constantemente degradação pelo lançamento de efluentes industriais e domésticos, construção de Hidroelétricas e em 31/03/2003 um grave derramamento de mais de 1 bilhão de litros de resíduos tóxicos de uma indústria em Cataguases causou prejuízos ambientais sem precedentes, sendo os reflexos desse acidente também detectados no rio Paraíba do Sul até sua foz no oceano Atlântico no estado do Rio de Janeiro.

Dados Geográficos do Rio Pomba

O Rio Pomba nasce na Serra Conceição na cadeia da Mantiqueira no município de Barbacena em Minas Gerais, percorre 305 km até sua foz onde lança suas águas no Rio Paraíba do Sul no município de Itaocara no estado do Rio de Janeiro. Sua nascente localiza-se a 1100 metros de altitude. No seu trajeto ele é alimentado por inúmeros córregos e ribeirões, bem como por outros rios como o Novo, Piau, Xopotó, Formoso e Pardo, que lhe garantem um volume de vazão surpreendente a menos de 150 km da nascente e apresenta um potencial hídrico significativo devido sua declividade relevante.
A bacia do rio Pomba apresenta uma área de drenagem de 8.616 km2, com o uso e ocupação do solo relativamente uniforme, abrangendo cerca de 35 municípios mineiros e 3 municípios fluminenses, onde vive uma população de aproximadamente 450 mil habitantes. Os municípios mais representativos dessa bacia do ponto de vista populacional, ou seja, aqueles com mais de 20.000 habitantes são: Cataguases, Leopoldina, Santos Dumont, São João Nepomuceno, Ubá, Visconde do Rio Branco, em território mineiro e Santo Antônio de Pádua e Miracema em território fluminense.
Os Municípios contados pelo Rio Pomba são: Santa Bárbara do Tugúrio, Mercês, Rio Pomba, Piraúba, Guarani, Descoberto, Astolfo Dutra, Dona Euzébia, Cataguases, Leopoldina, Laranjal, Recreio e Palma em Minas Gerais e Santo Antônio de Pádua, Aperibé e Itaocara no Rio de Janeiro.

Histórico do Rio Pomba

A história da colonização da bacia hidrográfica do rio Pomba está ligada à principal atividade econômica desenvolvida no Brasil colonial durante o século XVIII: a extração de ouro e pedras preciosas.
Em 1695, descobertas significativas de ouro ocorreram no Rio das Velhas, próximo às atuais cidades de Sabará e Caeté. A notícia rapidamente se espalhou promovendo uma verdadeira corrida do ouro nos primeiros sessenta anos do século XVIII, e a primeira grande corrente migratória para o Brasil.
Em 1720 Minas Gerais se torna uma capitania separada, e em 1763 a capital do Vice-Reinado foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, por onde entravam escravos e suprimentos e por onde saía o ouro das minas (FAUSTO, 1997).
Novos caminhos foram sendo abertos para possibilitar o tráfego de mercadorias para o interior, e de ouro para a capital. Um deles era o Caminho Novo, que ligava as regiões mineradoras ao porto e que passava pelo local conhecido como Região dos Pombos, onde cresceu o antigo povoado de Capelinhas das Mercês e também veio a se desenvolver o atual município de Rio Pomba.
O ciclo de expansão e riqueza, característico do primeiro momento de desbravamento da região, se fecha no ano de 1750, quando se anunciaram os primeiros sinais da queda da produção aurífera que se seguiria na segunda metade do século XVIII (FURTADO, 1999).
As margens do rio Pomba também eram uma conhecida região aurífera, atraindo mineradores de Guarapiranga na primeira metade do século XVIII. Os aventureiros em busca de ouro e pedras preciosas, que outrora se aglomeravam ao longo do caminho que ligava Vila Rica (atual Ouro Preto) ao Rio de Janeiro, se espalharam pela região quando as reservas de ouro nos vales dos rios Pomba e Paraibuna se exauriram em fins do século XVIII. Nessa época surgem os primeiros povoados que deram origem aos atuais municípios de Rio Novo, Descoberto (nome inspirado pela descoberta do precioso metal), e Astolfo Dutra.
No entanto, a conquista da região não foi nada pacífica. Os primeiros mineradores encontraram forte resistência por parte das tribos dos índios Coroados, Coropós e Puris. Choques, mortes e atrocidades dos brancos contra os índios eram constantes. A instalação das primeiras freguesias – povoados que surgiam ao redor de capelas – só foi possível graças à catequização dos índios pelo padre missionário Manuel de Jesus Maria, responsável pela fundação das freguesias de Rio Pomba, São Manoel do Pomba/São Batista do Presídio (atual Visconde do Rio Branco) e São Januário de Ubá (atual Ubá.

Hidroelétricas do Rio Pomba

Por atravessar dois estados brasileiros o rio Pomba é considerado um rio federal, isto é, pertencente à União. Isso quer dizer que obras passíveis de provocar grande impacto ambiental, como a construção de usinas hidrelétricas requer o acompanhamento e aprovação do IBAMA, o órgão federal responsável pela fiscalização e concessão, nesses casos, dos títulos de licenciamento ambiental. A Usina Hidrelétrica Barra do Braúna, no Rio Pomba, já é uma realidade. Localizada nos municípios de Laranjal, Recreio, Leopoldina e Cataguases apresenta potencia total de 39,0 MW. No final de 2009 deu inicio ao enchimento da represa com capacidade de 11,44 Km².
A Aneel autorizou a entrada em operação comercial da primeira unidade geradora da hidrelétrica Barra do Braúna. A primeira turbina da usina tem 13 MW de capacidade e conta com outras três unidades geradoras com a mesma capacidade instalada. Um empreendimento desse porte, sem dúvida gera impactos ambientais no ecossistema do Rio bem como aos pescadores que utilizam da pesca como meio de sobrevivência e moradores das áreas alagadas pelo reservatório. Do total investido de R$ 118 milhões, cerca de R$ 15 milhões foram aplicados pela empresa na área ambiental como compensação pelo alagamento do reservatório.

REFERÊNCIAS:

ANEEL
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 5ªed., São Paulo, Edusp, 1997, pp. 91-106.
FURTADO, Junia F. Homens de negócio: a interiorização da metrópole e o comércio nas minas setentistas. São Paulo, Hucitec, 1999, pp. 15-28.
FUNDAÇÃO COPETEC
RESENDE, Enrique de. Pequena história sentimental de Cataguases. Belo Horizonte, Itatiaia, 1969.

4 comentários:

  1. Muito bom. Parabéns! Alguém tem fotos da nascente? Sou morador de Itapirçu e, infelizmente estamos ameaçados pela construção de mais três hidrelétricas.

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  2. gostaria de saber seu nome completo para colocar uma citação do seu texto. obrigado. abçs.

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